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sexta-feira, 26 de março de 2010

A Mata Atlântica e o Aquecimento Global


Conseqüências das mudanças climáticas
 A pergunta que fazemos é: haverá tempo para uma redistribuição espacial das espécies de Mata Atlântica? Seremos capazes de definir hoje onde criar Unidades de Conservação e corredores migratórios, para assegurar que dentro de 100 anos as áreas ocupadas por remanescentes de Mata Atlântica estejam protegidas e conectadas? O que vai acontecer com as espécies hoje restritas às regiões mais frias, como as identificadas por Salis et al (1995) para o estado de São Paulo?

No âmbito do Programa BIOTA/FAPESP estão sendo desenvolvidas ferramentas de modelagem preditiva da distribuição de espécies (http://splink.cria.org.br). Estas ferramentas analisam as condições específicas (temperatura, precipitação, tipo de solo, tipo de formação vegetal, etc...) dos pontos onde uma determinada espécie foi observada e registrada. Com estes dados, através de algoritmos genéticos (os dois mais utilizados são o GARP e o Biocline), o sistema determina o "nicho" da espécie. Com base nesta análise o sistema projeta outros pontos onde, potencialmente, a espécie também deve ocorrer. Este tipo de modelagem permitirá também prever as conseqüências do aquecimento global na distribuição de espécies. Isto é, poderemos utilizar a previsão das novas temperaturas médias previstas nos diversos cenários para responder não só a pergunta sobre o que vai acontecer com as espécies hoje restritas às áreas mais frias, mas como as alterações nos índices pluviométricos afetarão todo o complexo de ecossistemas que hoje constituem a Mata Atlântica sensu lato.[¹]
 A área de ocupação de 37 espécies arbóreas da Mata Atlântica brasileira seria reduzida em média 25% nos próximos 50 anos, caso a temperatura aumentasse em torno de 2ºC em razão do aquecimento global. Se for considerado um aumento maior da temperatura, de 4ºC, por exemplo, a perda calculada seria em média de 50%. O cenário é apresentado pelo biólogo Alexandre Falanga Colombo em sua dissertação de mestrado desenvolvida no Instituto de Biologia (IB). Trata-se do primeiro estudo feito no país na área de modelagem preditiva relacionada às mudanças do clima para a Mata Atlântica.
O biólogo foi orientado pelo professor Carlos Alfredo Joly. Colombo lançou mão de ferramentas como mapas e algorítmos com o objetivo de dimencionar as probabilidades de redução de áreas das espécies como consequencia do aquecimento global. Ele estudou 37 espécies e, para cada uma, traçou três cenários diferêntes: a situação atual e as previsões otimistas e pessimistas para os próximos 50 anos. "É provável que haja uma real diminuição da área potêncial de ocorrência dessas espécies, mas a idéia é contribuir para mostrar o tamanho do problema e propor algumas soluções possíveis para minimizar as consequencias", analisa o biólogo.
Segundo ele, os resultados apontam o deslocamento das áreas de vegetação para áreas mais frias, entre as quais, por exemplo, a Região Sul. A questão, no entanto, é que a fragmentação impede esse deslocamento natural. "Em razão da grande fragmentação dos remanescentes florestais e da modificação do uso do solo pelo homem, a tendência é que o problema se agrava ainda mais nos próximos anos".
Colombo defende várias ações que poderiam evitar a redução das áreas verdes remanescentes. Algumas dessas propostas seriam o estabelecimento de corredores de vegetação o aumento das áreas de proteção ambiental e melhor fiscalização da devastação, além de programas de manejo para as matas ciliares. O biólogo acredita que este tipo de ação poderá minimizar o impacto das mudanças climáticas. "Não que o quadro seja de fim do mundo, mais é necessária a adoção de políticas que contemplem os fenômenos mais recentes", avalia.[²]

[¹] A Mata Atlântica e o aquecimento global - Carlos Alfredo Joly (http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?id=8760);

[²] Biólogo projeta impacto provocado por mudanças climáticas na Mata Atlântica - Raquel do Carmo Santos (http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/jornalPDF/ju384pag08.pdf).