terça-feira, 4 de maio de 2010
Biodiversidade da Mata Atlântica
Com status de ameaçada e mais de 8.000 espécies endêmicas, a Mata Atlântica é um dos 34 hotspots mundiais de biodiversidade. Menos de 100.000 km2 (cerca de 7%) restam dessa floresta.
Em algumas áreas de endemismo, tudo o que restou foram imensos arquipélagos de fragmentos minúsculos e muito espaçados. Em adição à perda de habitat, outras ameaças contribuem para a degradação da floresta, incluindo a retirada de lenha, exploração ilegal de madeira,caça, extrativismo vegetal e invasão por espécies exóticas – apesar de existir uma legislação para a proteção dessa floresta.
Atualmente mais de 530 plantas e animais que ocorrem no bioma estão oficialmente ameaçados, alguns ao nível do bioma, alguns nacionalmente e outros globalmente. Muitas dessas espécies não são encontradas em áreas protegidas, o que indica a necessidade de se racionalizar e expandir o atual sistema de unidades de conservação.
Embora as iniciativas de conservação tenham crescido em número e escala durante as
últimas duas décadas, elas são ainda insuficientes para garantir a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica. Para se evitar mais desmatamentos e perda massiva de espécies na Mata Atlântica brasileira, o desafio consiste na integração dos diversos instrumentos regulatórios,políticas públicas e novas oportunidades e mecanismos de incentivo para a proteção e restauração florestal, além dos vários projetos e programas independentes desenvolvidos pelos governos e organizações não governamentais, em uma única e abrangente estratégia para o estabelecimento de redes de paisagens sustentáveis ao longo da região.
A PERDA DE HABITAT
A floresta já perdeu mais de 93% de sua área (Myerset al., 2000) e menos de 100.000km2 de vegetação remanesce. Algumas áreas de endemismo, como Pernambuco, agora possuem menos de 5% de sua floresta original (Galindo-Leal & Câmara, 2003). Dez porcento da cobertura florestal remanescente foi perdida entre 1989 e 2000 apenas, apesar de investimentos consideráveis em vigilância e proteção (A. Amarante, dados não publicados).
http://individualidadecoletiva.zip.net/images/mataatlmapa.jpg
Dean (1996) identificou as causas imediatas da perda de habitat: a sobrexploração dos recursos florestais por populações humanas(madeiras, frutos, lenha, caça) e exploração da terra para uso humano(pastos, agricultura e silvicultura). Subsídios do governo brasileiro aceleram a expansão da agricultura e estimularam a superprodução agrícola (açúcar, café e soja). A derrubada de florestas foi especialmente severa nas últimas três décadas; 11.650 Km² por dia; Fundação SOS Mata Atlântica & INPE, 2001; Hirota, 2003).
A maioria das espécies oficialmente ameaçadas de extinção no Brasil habitam a Mata Atlântica. Atualmente, mais de 530 plantas , aves, mamíferos, répteis e anfíbios da Mata Atlântica estão ameaçados. É razoável especular que diante de eventuais mudanças no habitat decorrentes do aquecimento global, este já alarmante número de espécies ameaçadas irá aumentar, pois a fragmentação generalizada da floresta limita a migração e a colonização de espécies, necessárias para a persistência das populações em longo prazo.
STATUS DE CONSERVAÇÂO
A Mata Atlântica brasileira é provavelmente uma das regiões sul americanas com o maior número de áreas de proteção integral (parques, reservas, estações ecológicas
e reservas privadas) – mais de 600 novas áreas foram criadas nos últimos 40 anos (Fonseca et al., 1997; Galindo-Leal & Câmara, 2003). No entanto, somente estes grandes números são insuficientes. O sistema está longe de ser adequado: (1) as áreas protegidas cobrem menos de 2% de todo o bioma; (2) as áreas de proteção integral (equivalentes às categorias I, II e III da União Mundial para a Natureza – UICN) protegem apenas 24% dos remanescentes; (3) muitas são pequenas demais(cerca de 75% das áreas protegidas são < 100km2) para garantir a persistência de espécies em longo prazo; e (4) entre as 104 espécies ameaçadas de vertebrados, 57 não constam em qualquer área protegida.
Parque Estadual Mata de Pipa (IDEMA)- Foi criado em 2006 com 430 hectares de Mata Atlântica. O Parque fica localizado no município de Tibau do Sul, 90 Km de Natal.
Marcelo Tabarelli – Departamento de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco, Recife.
Luíz Paulo Pinto e Lúcio C. Bedê – Conservação Internacional , Belo Horizonte – MG.
José Maria C. Silva – Conservação Internacional, Belém – PA.
Márcia M. Hirota – Fundação SOS Mata Atlântica
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HÁ ESPAÇO ATUALMENTE PARA UMA RECUPERAÇÃO DA MATA ATLANTICA DE FORMA A VOLTAR AOS MOLDES DO PASSADO, EM QUE ESTA OCUPE DE FORMA EQUILIBRADA O ESPAÇO COM AS CIDADES, MESMO MANTENDO O PROGRESSO DESTAS?
ResponderExcluirIsso só será possível se o desenvolvimento for capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações sem o esgotamento dos recursos naturais.
ResponderExcluirDeve-se haver harmonia entre desenvolvimento econômico e a conservação ambiental.
Para que isso ocorra há uma dependência de planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos.
Desses recursos depende não só a existência humana e a diversidade biológica, como o próprio crescimento econômico.
Sugerimos,de fato, qualidade em vez de quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e da reciclagem.